Banalizaram o verbo amar


É fácil dizer que ama quando o beijo é bom. Ou quando o sexo é bom.
É fácil dizer que ama quando ele (ou ela) tem o mesmo gosto musical que o seu. Exatamente o mesmo.
É fácil dizer que ama quando, no lugar de futebol, a sua novela vira prioridade. Ou vice-versa.
É ainda mais fácil dizer que ama quando os planos são casadinhos, quando não há divergência dos quereres.

E é fácil dizer que ama quando a paz reina. Quando tudo é "sim".
Na ponta do lápis é fácil fazer uma lista de tudo que você ama nele (nela), né?

Mas e quando a chuva atrapalha os planos de jantar fora com as best's ou jogar boliche com os amigos?
E quando o seu lado da cama é ocupado no meio da noite e você não teve um bom dia?
Quando o café da manhã não te oferece o que você estava com vontade de comer?
E quando você fala com ele (ou ela) e não ouve nenhum comentário ou resposta porque ele (ou ela) está ocupado (a) assistindo ao jogo ou fazendo as unhas?
Mas e quando o beijo, o sexo ou o abraço não é bom?
Ainda é fácil amar?

É bonito esse amor que a gente vê surgindo cada vez aos montes ao nosso redor. Nas redes sociais, então... nem se fala o quanto é bonito e eterno. Mas basta a primeira briguinha por ciúmes ou bobagem-sem-nome que o "amor eterno" se desfaz em ofensas e indiretas claramente infantis nos status e nos perfis. 

O que é fácil aqui é eu me pegar questionando a Deus o porque de tanta superficialidade. Não que a culpa seja dele, mas a quem mais eu posso recorrer nessas horas? Pra se amar não é preciso ser doloroso, penoso e sofrido como nos filmes e novelas, não. Mas não é naquela bolha que o amor de verdade é. Não é nos momentos em que é fácil dizer que gosta (ou ama) que o amor surge, não. Até surge, mas quando ele surge em qualquer situação. 

Há brigas entre um casal que se ama, mas mesmo cada um pro seu lado e com a boca repleta de dizeres que são e as vezes não são ditos, ainda há amor. É preciso que alguém avise ou ensine nas escolas, desde o inicio da socialização, que amor não é macarrão instantâneo, que dura 3 minutos (ou mais) pra estar pronto e, depois que você mata sua fome, acaba. Isso tem qualquer outro nome, mas amor não é não, viu? 

Vamos parar de banalizar, meu povo. Parar de desfiar os sentimentos.
O beijo nem sempre é bom. O sexo nem sempre é tão prazeroso assim.
Mas não é por isso que o amor, necessariamente, acaba.
As vontades nem sempre condizem, assemelham-se.
E o amor não é brinquedo ou troféu.

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