"Te encontro, com certeza. Talvez num tempo da delicadeza"*


Das delicadezas da vida, eu quero todas! Quero todos os amanheceres leves e ensolarados, daqueles que a gente abre a janela e os braços, agradece e alarga o sorriso, mostrando todos os dentes de uma vez só. Quero a pausa no meio da tarde, no meio do trabalho, no meio da bagunça para admirar uma flor, um raio de sol que entrar pela frestra da janela, uma gota de chuva que pende de uma folha naquela árvore próxima ou um sorriso de criança. Ou de adulto. Sorrisos sempre são bonitos e merecem atenção. No final da tarde, por mais que não haja tempo de parar, deixar tudo de lado e admirar o sol se pôr, quero poder sentir o vento no rosto e não pensar em nada. Apenas sentir. Porque sentir é algo que falta ao ser humano. E sentir é tão bom! O vento, o tempo, o sentimento... as vezes dói, você sabe, mas ainda assim é bom. Bom porque com ele vem o crescimento e o fortalecimento de um "eu" que você não sabia que existia, porque o novo está sempre nos rondando e nos sendo apresentado. Eu quero uma vida mais delicada, mais encantada por mínimos, mas gigantes. Entendes? Queira também, ser leve, ser breve, ser intenso na delicadeza. Força não tem força neste meu mundo. Frases complexas não me impressionam. Mas um olhar de relance, tímido e com vontade de olho no olho, ah, isso me põe a atentar para ti. Gosto do que é verdadeiro. E a verdade não precisa de rostos bonitos para existir.

Talita Saldanha

* título: Todo o Sentimento, de Chico Buarque.

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