Foto: Melina Souza

Há pessoas que confiem nas fotografias como símbolo de  memórias salvas para a posteridade. Outras apaixonadas por vídeo e o movimento de se filmar algo em que já se colocou o olho anteriormente, desde momentos marcante a uma manhã inútil e sem data a se lembrar num desses domingos meio gelados, como hoje. Minha paixão é pelo texto. Represento os malucos por bilhetinhos, frases salvas, escritos apressados, cartinhas surpresas e coisas do tipo. É esse o meu recado pra que eu guarde além de lembranças, mais letra e papel daqueles que entopem meu coraçãozinho de um pouco do bom dessa vida. (...) Pode ser postal, em folha de caderno, até mesma escrita por máquina tipo Olivetti ou no computador. O que conta é a disposição em fazer parte do meu baú de retalhos do que já se passou. Pelo correio, debaixo da porta, após uma crise ou em formato de dedicatória de livro (aceito, não nego). Se for tamanha a dificuldade, que se comece com um bilhete curto, pedaço de música, palavras desconexas, trechos de boa literatura. Escritas no horário de almoço, ou acompanhada de um saboroso café, na mais completa companhia de uma solidão que coloca na força da mão que imprime na celulose aquilo que merece ser dito, porque é de atitudes pequenas, detalhes ínfimos e delicadezas do tipo que o amor se suplementa.

Camila Paier, em "Me escreve qualquer dia desses"

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