"Daqui a 50 anos eu ainda vou saber seu nome e vou me lembrar de todas as vezes que você me fez sorrir."*

Mas também vou lembrar de tudo que não foi bom. Porque eu sou dessas que tem a memória a curto prazo falha, mas de cada vez que uma lágrima caiu do meu olho e os motivos que me fizeram encobrir o sorriso, eu lembro. É, eu lembro. Minha memória seletiva parece não existir. São fragmentos, nem sempre fazem sentido isolados, mas eu lembro. E tenho a memória de elefante. Não, eu não gostaria de ter tanta memória assim dos momentos infelizes. Não porque lembro, mas porque sinto também. Sinto como se não houvesse espaço entre o que já aconteceu e o hoje. Sinto como se nada tivesse modificado, e a gente sabe bem que o tempo modifica quase tudo ao passar dele mesmo. A gente sabe que deveria ter uma memória seletiva, não guardar mágoas, não lembrar do que não nos fez bem... Mas é ai que a minha falta de memória me trai. Mas é ai que eu me descubro em destaque, em meio a tantas pessoas diferentes de mim.  Mas é ai também que eu desejo lembrar, cada vez mais, e com maior intensidade, apenas o que me fez sorrir... Mas é ai que eu me pergunto como posso esquecer (ou deixar de lembrar) de algo que me fez ser quem hoje eu sou...


* Título:
Caio Fernando Abreu

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