Sobre a dor de não saber voltar


Dor de lembranças quase esquecidas.
E escrever isso me faz reter tantos pensamentos...
E eu não sei como, nem por que, mas pensar em você me dói, sabe?
Mas essa dor é uma dor boa.
Não, espera... como uma dor pode ser boa?
Dor de quem teve o carinho e o abraço que faz falta é dor boa?
Tá, retira o que eu disse.

Mas eu acho que há coisas que não precisam ser ditas, que há sentimentos que não devem ser revividos e histórias que não devem ser contadas (novamente). E eu acho que não sei de nada, que não sinto nada e ainda restam dúvidas tão fixas que resposta nenhuma faz sentido. Alias, faz tempo que as coisas perderam o sentido que deveriam ter. Não pros outros, mas pra mim.

E sabe de uma coisa? Acho que isso não foi por você. Não, não retiro a culpa que você teve em todo esse processo, mas a falta é maior de mim, sabe? E você foi o tipo de brinquedo (mas não me entenda mal, no final das contas, o brinquedo não era você... ) que precisei desmontar pra perceber a falta que me faz ser inteira sozinha, que não era preciso retalhar o que eu tinha nas mãos, bastava só alinhar os batimentos à respiração. E pra isso eu não precisaria de régua, lápis ou linhas. Ou de você. Mas eu tinha que culpar alguém e você estava bem ali, na minha frente, com um motivo pronto e estufado nas mãos pra me dar a autorização que eu precisava, mesmo sem saber. E eu acho que nunca te agradeci por me fazer perceber isso. E eu não sei nem porque você me vem no pensamento toda vez que penso em mudança... E eu acho que você já tinha a culpa nas mãos desde o inicio, antes mesmo de eu pensar em passar por tudo aquilo, e desconfio que antes de mim, você já sabia de tudo.

E eu me perdi muitas vezes nesses anos todos tentando me encontrar, tentei não ficar só e tudo ficou tão estranho que eu não consegui mais olhar pros lados. Sei lá, tudo mudou, sabe? E eu tenho sentimentos bipolares e confusos demais pra mim. Ou pra você. Ou pra qualquer um que tente me entender. Talvez seja por isso que eles preferem ficar comigo e não partir pra ouvidos e bocas alheias. Quem entenderia?

Não, nem diga que você entenderia porque é mentira!
Não, não precisa se desculpar.

Eu tento me fazer entender, mas acho que as coisas pioram quando falo, então escrevo... mas quando leio, não vejo assim, tanta diferença... E eu fico aqui, assim, sem saber o que meus dedos escrevem, até o momento em que o pensamento irá até você e os olhos percorrerem essas linhas meio tortas, escritas de maneira torta mesmo em linhas retas... Cheio de reticências que é pra você perceber o quanto as palavras me faltam ou o quanto são incompletas.

É melhor não tentar entender o que se passa em mim, você pode se perder e não saber mais como voltar à superfície. E desculpa, eu não sou a pessoa indicada pra te mostrar como chegar até lá...


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