tão passados, tão presentes...

 Talita Saldanha


Eu não sei dizer como as coisas acontecem e a forma como as verdades resolvem se mostrar me assustam tanto. Ha dois dias eu estava contando meus medos, abrindo algumas feridas para um grupo de pessoas que até pouco tempo não passava de desconhecido pra mim. Eu contava da minha frieza, da minha falta de asas e da firmeza insuportável dos meus pés no chão. Eu não queria mais me firmar tanto, não na realidade. Queria sonhar mais, me permitir mais e deixar pra trás toda aquela diferença e estranhamento comigo, com as pessoas e comigo em relação a elas. 'Relação' era o medo que eu tentava definir e demonstrar. E a descrença que relatei, nas pessoas, nas palavras, isso contradiz tanto aquilo que tinha como pensamento 'meu', mas é tão o que sinto! Questionei tanto esses sentimentos que esqueci de ouvir o que tinham acabado de me dizer: SE PERMITA ERRAR. E junto a isso, vem o 'SE PERMITA VIVER, SOFRER E SENTIR'. E, sinceramente, eu não senti mudança, não me vi outra pessoa, não senti nada além de alivio, e acho que era exatamente isso que eu precisava sentir. Alivio por falar, por chorar, por poder compartilhar dores tão passadas e tão presentes. E escutei quando disseram "Se você não acertar, erre!". E dois dias depois, estou eu, com o barco, o porto e o remo ao alcance das mãos,  sem saber se fujo pro horizonte com o pouco de força que tenho ou se remo até o porto e lá reponho as forças não só pra ficar, mas pra poder partir junto também. E eu sei como é difícil tomar uma decisão assim, às pressas... Então estou deixando a maré me levar pra onde eu tiver que ir, e se no meio do caminho eu achar que ir para o outro lado vai me fazer me sentir melhor, ainda estarei com o remo nas mãos.

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