daqueles do fundo da gaveta


Originalmente escrito em 2008


Hoje não vou sair. Preciso arrumar essa bagunça que existe aqui dentro. Já é tarde e nem vi o tempo passar e não consigo desviar o olhar da foto jogada no chão. Um sorriso largo, cortado ao meio em um espaço de 10x15cm. Seria banal, se não perfurasse tanto. Seria mentira, não tivesse a incrível capacidade de me fazer sentir a dor de ser real. Inteira, pela metade e aos pedaços. Em uma fração de segundos uma releitura de mim. Fora do tom. O peito esquenta e o pensamento sobe à mesma temperatura. E faz frio lá fora. Quando criança ouvia adultos alertarem que metades no amor eram inexistentes. Não existe amor enquanto não se fizer inteiro. Esse era um dos desenhos encobertos que a vida criou e demorou a retirar a poeira de cima e apresentar-se, em cores difusas. Para mim não passava de variações de um mesmo tom cinza. E você fingiu não ver toda essa metamorfose... Eu vi, por você e por mim. Ria com os olhos e chorava por eles. No canto da folha os planos rabiscados para aquela segunda-feira de 2006 e ainda parece ter sido ontem...


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